minha avó materna tinha os olhos pequenos.
pequenos e profundos.
minha avó opinava sobre o que fazia, sobre aquilo que vai contra as coisas do seu tempo. estas modernices.
minha avó chamava-me à atenção mas defendia-me também.
rapidamente, me atirava um chinelo quando me metia a discutir com ela, quando lhe dizia que ela era uma velhota que não sabia nada dos tempos modernos.
ultimamente, já lhe custava a alcançar o chinelo, com alguma pena minha, confesso.
adorava fugir à chinelada dela.
minha avó sempre foi gordinha.
uma bolinha que eu simplesmente adorava sacudir.
e, enquanto a sacudia, ela pedia-me para parar, enquanto se ria.
minha avó ria-se sempre para mim.
e chamava-me de tareca.
e eu sempre adorei isto: ser chamada de tareca por ela.
minha avó partiu hoje.
mas partiu sabendo o quanto eu gosto dela.
o quanto todos gostamos tanto dela. e somos tantos.
é bom saber que ela leva a sua bagagem carregada de amor.
2 comentários:
Não há frases feitas para estas situações. Às vezes, o silêncio é suficiente.
Agora percebo porque te vestes de branco.
É o meu objectivo de vida: levar bagagem carregada de amor!
Sou uma pessoa mais triste por ter perdido a última avó aos 11 anos; que bom que tiveste a tua contigo durante muito tempo e com genica :)
Um beijinho para ti
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