Anda corrompido
o cheiro,
por aí
alterado.

Anda maltratado o toque
e o beijo
após beijado,
cuspido!

6.3.10

PALAMENTO

Quando era miúda, jogava ao Palamento com o meu pai.
Que nervos que me dava.
O meu pai levava aquilo a sério... e eu também.
Tínhamos de dar palamento, duas vezes por dia: uma mal nos víssemos de manhã e outra à tarde.
Assim, mal acordava, já estava alerta, nervosa para vê-lo e dizer palamento primeiro. Mas o homen dava-se ao trabalho de se levantar mais cedo, esconder-se e surpreender-me com um Palameeeeeeeentooooo ahahahahah.
Que gritos que eu dava. Mas consolava. Eu andava sempre em estado de alerta enquanto o jogo durasse.
E tudo isso, por um pacote de amêndoas.
Mesmo que ninguém jogasse, haveriam sempre amêndoas, mas aquele pacote tinha um sabor especial.
Sim, o meu pai era bom jogador, mas eu não lhe ficava atrás. Se tivesse que me esconder em cima do guarda-fato, escondia-me.

Agora estou a jogar com o meu filho. E estou a perder.

1 comentário:

Paulo Afonso disse...

Na minha terra acho que se diz balamento! Olha lá Mari, por acaso sabes de onde vem esta tradição e o que quer dizer a "palavra" em si? Kiss